Cimeira do G8 : Bush rejeita acordo semelhante ao Protocolo de Quioto sobre o ambiente
Se o plano de acção do G8 "for semelhante ao Protocolo de Quioto, então a resposta
americana será não". Este foi o aviso lançado, ontem, pelo Presidente George W. Bush
a todos aqueles que esperam ver os EUA assinar um acordo sobre as alterações climáticas
na cimeira dos oito países mais ricos do mundo, que tem início amanhã, em Gleneagles,
na Escócia.
Numa entrevista transmitida ontem à noite pela televisão britânica ITV, Bush declarou
que irá informar os outros líderes do G8 sobre o uso de novas tecnologias para travar
o aquecimento global. "O Protocolo de Quioto teria arruinado a nossa economia", explicou
o Presidente americano, recusando qualquer solução que implique a redução das emissões
de gases com efeito de estufa.
Entrado em vigor em Fevereiro, o Protocolo de Quioto (que os EUA recusaram ratificar)
visa a redução global de 5% das emissões de gases com efeito de estufa emitidos no
mundo até 2012, em relação aos níveis de 1990.
Bush reconhece que o problema ambiental é “significativo”, mas entende que os governos
só terão de lidar com ele “a longo prazo”.
A segunda questão forte da cimeira entre os líderes dos países mais ricos do mundo,
a pobreza em África, também atravessa novo impasse nas vésperas de o G8 se reunir,
desta vez porque os governos não parecem dispostos a comprometer-se com alterações
às leis do comércio mundial que afectam o continente. Apesar da pressão exercida pelos
concertos Live 8, de sábado, a que assistiu cerca de um milhão de pessoas, os chefes
de Governo do G8 parecem apenas dispostos a subscrever duas das propostas apresentadas
pelo governo britânico: o plano de cancelamento da dívida para alguns dos países mais
pobres de África e um aumento correspondente na ajuda financeira a esses países.
Tony Blair já admitiu, no entanto, que só é possível pensar em reconstruir África
se também forem eliminadas as taxas alfandegárias que afectam os produtos africanos
e se os produtos do mundo ocidental deixarem de ser subsidiados pelos respectivos
governos, já que esta realidade torna-os mais baratos do que os provenientes do Terceiro
Mundo. George W. Bush também antecipou a discussão deste tema, mas agora para pressionar
a União Europeia, dizendo que está disposto a acabar com os subsídios desde que a
Europa faça o mesmo.