O Mundo unido contra a pobreza: o Live 8 chamou a atenção dos líderes do G8
Centenas de milhares de pessoas assistiram, em todo o mundo, aos dez concertos do
Live8, para apelar ao fim da pobreza em África e aplaudir algumas das maiores estrelas
da música rock e pop. Iniciados em Tóquio, os concertos - pensados pelo músico irlandês
Sir Bob Geldof como forma de pressionar os dirigentes do G8 -, prosseguiram em Joanesburgo,
Berlim, Roma, Londres, Moscovo, Barrie (Canadá), Versailles (França) e Filadélfia
(Estados Unidos).
Em Londres, o palco forte deste evento, onde 250 mil pessoas assistiram ao espectáculo
gratuito que decorreu em Hyde Park, actuaram estrelas como os Pink Floyd, que retomaram
a sua formação com Roger Waters para a ocasião, Sting, U2, Paul MacCartney, Madonna,
Coldplay, Elton John, REM, Dido, Robbie Williams, Mariah Carey, Annie Lennox, Dakota,
e o senegalês Youssou N’Dour, um dos raros africanos a actuar na capital britânica.
Numa mistura de géneros musicais pouco habitual, o concerto de Londres contou também
com a presença do milionário norte-americano Bill Gates, fundador da Microsoft, e
do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.
Tal como aconteceu há 20 anos, o planeta parou para ver os concertos, escutar as mensagens,
pensar em África. Mas desta feita não só a festa se multiplicou por mais palcos e
cidades como chegou a mais pessoas via televisão (numa audiência global de três mil
milhões de espectadores, recorde na história da televisão) e visou, pessoalmente,
os oito líderes do G8, que quarta-feira se reúnem na Escócia. Músicos e outras figuras
de relevo pegaram nos microfones para pedir pelo perdão da dívida africana, por um
comércio justo, por água potável e ar respirável, pelo combate à sida. E, como Dido
disse a meio da tarde, "esses oito senhores vão-se reunir e nós estaremos à espera".
Na era da interactividade, o Live 8 convidou todos os espectadores a assinar uma petição
- a Live 8 List - a entregar aos líderes do G8.
A petição lançada globalmente sublinha os princípios de uma carta aberta de Bob Geldof
ontem publicada em diversos jornais britânicos, na qual o organizador do Live 8 definia
o espírito desta nova megaoperação e vincava que a cimeira será uma decepção se os
países envolvidos não entregarem uma soma adicional de mais de 25 milhões de euros
de ajuda a África. "Não aplaudiremos meias medidas ou as políticas do costume. Este
momento tem de fazer história. Hoje vai haver barulho, música e alegria. E na sexta-feira
[no final da cimeira] haverá um grande silêncio quando o mundo estiver à espera do
veredicto", escreveu. E rematava pedindo aos políticos que não desapontem quem deles
espera acção "Não criem uma geração de cínicos", remata Bob Geldof.
Todos os participantes estão convidados para uma concentração em Edimburgo, dia 6,
onde Bob Geldof espera reunir um milhão de pessoas para uma manifestação de protesto
perto do local da reunião do G8, em Gleneagles.
O Live8 foi organizado para pressionar os dirigentes dos países que constituem o G8
(Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia), antes
da cimeira de três dias que tem início a 6 de Julho, na Escócia, para que actuem contra
pobreza no continente africano. Segundo os produtores do evento, 85 por cento da população
mundial - cerca de 5,5 mil milhões de pessoas em 140 países – tiveram acesso à difusão
dos espectáculos, no que torna o Live8 o evento em directo com a maior transmissão
televisiva.