No Congo processo eleitoral em risco. Lideres religiosos unem-se para pedir a paz
Os líderes de várias confissões religiosas na República Democrática do Congo uniram-se
para lançar um apelo pela paz num momento em que o país celebra o 45º aniversário
de independência. Para 30 de Junho de 2005 estavam previstas as eleições políticas,
que deverão marcar a conclusão do processo de transição iniciado com os acordos de
paz de 2000 e 2003, mas as mesmas foram adiadas, provocando uma violenta onda de protestos.
O conflito armado no Congo é uma das mais violentos desde a II Guerra Mundial. Em
quase seis anos de conflito, cerca de 3,8 milhões de pessoas já foram mortas, sendo
a maioria civis e crianças.
“Nunca como hoje, na história do nosso país, se levantaram tantas vozes para convidar
(as autoridades) a salvaguardar a paz: exortamo-vos a respeitar a lei, a desenvolver
um diálogo positivo e construtivo para superar a crise e conduzir a nação às tão esperadas
eleições”, escrevem os líderes religiosos às forças políticas congolesas.
A declaração “Salvemos o processo eleitoral” é assinado pelas principais comunidades
católicas, ortodoxas, evangélicas e islâmicas.
A situação de insegurança no país é muito grave, com fontes locais a revelarem à agência
missionária Fides, que “existe o perigo de que a situação se precipite de um momento
para outro”, atendendo aos confrontos entre polícias e manifestantes em Kinshasa.
“Aconselhou-se a sacerdotes, missionários, religiosos e religiosas que permanecessem
em casa e não saíssem, pois há quem acuse a Igreja de ter um papel no adiamento do
voto”, já que o Presidente da Comissão Eleitoral Independente, Pe. Apollinaire Malumalu,
é um sacerdote católico, informam os missionários.
O Parlamento interino de Kinshasa decidiu prorrogar por seis meses o período de transição,
que devia terminar a 30 de Junho com a realização das primeiras eleições gerais desde
a independência do ex-Congo Belga, em 1960.
O adiamento das eleições que deveriam marcar o fim do processo de transição é um contratempo
no processo para a democracia e o retorno da paz na RDC. O perigo, segundo a Igreja
Católica, é que o descontentamento popular “seja usado para fazer precipitar novamente
o País no caos da guerra civil”.
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