Insegurança no Darfur causa 2 milhões de refugiados
Mais de 2 milhões de pessoas continuam longe das suas casas na região sudanesa do
Darfur, por causa da actual situação de insegurança. Apesar dos apelos do governo
Sudão para que os refugiados regressem a casa, as organizações cristãs de assistência
no terreno asseguram que “as condições para um regresso seguro a casa não existem
na maioria dos lugares”.
O director da resposta de emergência da ACT (organização protestante) e da Cáritas
(católica) no Darfur, referiu à “Caritas Internationalis” que alguns dos refugiados
tentaram o regresso a casa, “mas depois de verem que não tinham nada lá, voltaram
aos campos”.
A equipe da rede internacional da Cáritas a operar na região sudanesa de Darfur alertou
para a “calamitosa situação” que pode acontecer dentro de poucas semanas com a chegada
da estação das chuvas. A Caritas Internationalis alude às estimativas das agências
de Nações Unidas presentes na zona: nos próximos dois meses, mais de 3,5 milhões de
pessoas necessitarão de ajuda alimentar urgente em toda a região, o que supõe um aumento
de 25% relativamente ao ano passado.
O conflito que afecta o Sudão desde 1983 causou cerca de 2 milhões de vítimas e quase
5 milhões de refugiados. Desde Fevereiro de 2003 que a região ocidental do Darfur
vive em guerra civil, fomentada por grupos rebeldes contrários ao governo de Cartum,
que acusam de descurar a região e de apoiarem as milícias árabes “Janjaweed”.
De acordo com a Cáritas, a crescente insegurança das principais rotas terrestres de
acesso aos campos impediu os trabalhos logísticos de todas as agências humanitárias,
que não conseguiram cobrir totalmente as suas reservas de alimentos face à estação
chuvosa.