Com Nota Pastoral os bispos portugueses contestam iniciativas de educação sexual nas
escolas
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou hoje uma nota sobre a educação da
sexualidade, na qual defende que a mesma “não se resume a mera informação sobre os
mecanismos corporais e reprodutores, como tantas vezes tem acontecido, reduzindo a
sexualidade à dimensão física possível de controlar com vista à prevenção contra o
contágio de doenças sexualmente transmissíveis e o surgimento de gravidezes indesejadas”.
O documento fora aprovado na última assembleia plenária extraordinária da CEP, que
decorreu em Fátima no passado dia 23 de Junho.
Os Bispos condenam a “vivência da liberdade sem responsabilidade, pela ausência de
critérios éticos”, manifestando-se contra “a aceitação, por igual, de múltiplas manifestações
da sexualidade, desde o auto-erotismo, à homossexualidade e às relações corporais
sem dimensão espiritual porque o amor e o compromisso estão ausentes”.
A Nota “Educação da sexualidade”, tem em conta as reacções de professores e cidadãos
às iniciativas neste âmbito, “em escolas estatais”, de forma especial um documento
datado do ano 2000, da responsabilidade conjunta do Ministério da Educação, do Ministério
da Saúde, da Associação para o Planeamento da Família e do Centro de Apoio Nacional
– Rede Nacional de Escolas Promotoras da Saúde, intitulado “Educação Sexual em Meio
Escolar: Linhas Orientadoras”.
A CEP alerta contra qualquer tipo de reducionismo na área da sexualidade, assinalando
que esta “é um dos núcleos estruturantes e essenciais da personalidade humana, que
não se reduz a alguns momentos e comportamentos, mas é, pelo contrário, um complexo
que se integra no pleno e global desenvolvimento da pessoa”.
O documento centra a sua reflexão na “ligação profunda” da sexualidade humana com
o amor, para além da complementaridade entre homem e mulher.
A Nota deixa claro que a família é a “primeira responsável” pela educação dos filhos
e vinca que “os pais têm o direito e o dever de educar os filhos, inclusive no referente
à sexualidade. O exercício desse direito-dever é anterior à intervenção de outras
instituições, para além da família, designadamente a escola”.