A cidade de Moscovo tornou-se, nestes dias, a capital do ecumenismo. O Cardeal Walter
Kasper e o pastor Samuel Kobia, respectivamente presidente do Conselho Pontifício
para a promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC) e secretário-geral do Conselho Ecuménico
das Igrejas (CEI) estiveram na Rússia ao longo desta semana, em visitas que revelam
alguma abertura ao diálogo ecuménico, por parte da Igreja Ortodoxa russa.
A delegação protestante sai desta ronda negocial com maior motivos de optimismo, apesar
de um documento sobre o compromisso ecuménico do Patriarcado moscovita ter criticado
“as derivações laicistas que se registam numa parte significativa do mundo protestante”.
Apesar das críticas, o pastor Kobia foi recebido pelo Patriarca Alexis II, algo que
não aconteceu com o Cardeal Kasper. Mais importante ainda, Alexis II assegurou o empenho
ecuménico do Patriarcado Ortodoxo e a sua “plena participação” no interior do CEI.
Samuel Kobia manifestou-se satisfeito pelos resultados conseguidos por esta visita
e afirmou mesmo que a Igreja Ortodoxa russa era um dos motores do movimento pela unidades
dos cristãos, apesar das tensões entre Moscovo e o Vaticano. A Igreja Ortodoxa conseguiu
obter direito ao veto dentro do CEI e assegurou lugares de oração separados para as
diferentes confissões, aquando de encontros ecuménicos.
Apesar de recusar aos ortodoxos a possibilidade de participar “em serviços ecuménicos
ou inter-confessionais”, a tradicionalmente fechada Igreja Ortodoxa russa admite “a
possibilidade de colaboração com os não-ortodoxos, por exemplo na ajuda aos marginalizados
e na defesa dos inocentes”.
O Cardeal Walter Kasper esteve em Moscovo até 23 de Junho numa visita que, segundo
comunicado oficial do Vaticano, pretendia “continuar o diálogo com o Patriarcado Ortodoxo,
iniciado por ocasião da solene inauguração do pontificado do Papa Bento XVI”.
O presidente do CPPUC revelou-se esperançado em dar “pequenos passos” no diálogo com
a Igreja Ortodoxa, mas a questão do proselitismo e as dificuldades na Ucrânia voltaram
a vir ao de cima.
Alexis II fez anunciar que consideraria inadmissível a deslocação da sede da Igreja
Greco-Católica para Kiev. Bento XVI, por seu lado, aproveitou a audiência concedida
aos membors da ROACO, associação das obras de assistência nas Igrejas católicas orientais,
para falar directamente aos ucranianos, para pedir “a reconciliação e a fraternidade
entre os cristãos da amada Ucrânia”, considerando que nesse país “a herança espiritual
da qual a comunidade greco-católica é guardiã constitui um verdadeiro tesouro para
o progresso de todo o povo ucraniano”.