2005-06-23 13:13:27

Avanços no diálogo ecuménico com a Rússia.


Conclui-se nesta quinta feira a visita à Rússia do Cardeal Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC). Enviado a Moscovo pelo Papa, na passada segunda-feira, este responsável tinha como missão “continuar o diálogo com o Patriarcado Ortodoxo, iniciado por ocasião da solene inauguração do pontificado do Papa Bento XVI”.
A visita do Cardeal Walter Kasper a Moscovo pretende procurar dar «pequenos passos» no diálogo com o Patriarcado ortodoxo. Porém, segundo o presidente do Conselho Pontifício, «os pequenos passos também conduzem a uma meta».
«Existem duas partes envolvidas neste diálogo, e os passos deveriam ser dados por todos», destaca o purpurado, numa entrevista ao semanário russo “Svet Evangelia” (“A Luz do Evangelho”), e também aproveita para desmentir alguns rumores da comunicação social.
«Não foi solicitada qualquer reunião com o Patriarca Alexis II, dado que o trabalho se encontra na fase inicial. Aliás, pretendemos apenas discutir questões técnicas e muito concretas», salienta o presidente do CPPUC .
Na entrevista, também garante que neste processo prevê a Igreja Católica na Rússia, pois «sem a Igreja local o ecumenismo seria algo de muito abstracto». O prelado refere, igualmente, que não está interessado em discutir os assuntos da Igreja greco-católica da Ucrânia, por não se encontrar incumbido «de falar por outra Igreja. É algo que eles próprios têm de debater».
«Não discutiremos sobre os ucranianos, mas sobre o que a Santa Sé e a Igreja Ortodoxa russa podem fazer juntas na Europa pelos valores cristãos. Trata-se de uma área de interesse comum», revela.
O Cardeal espera que no Outono se possa reatar o diálogo internacional da Igreja Católica com as Igrejas ortodoxas, retomando o trabalho da Comissão Teológica Mista, interrompido em 2001, na reunião que se realizou em Baltimore, EUA. O Patriarca Ortodoxo de Moscovo tem respondido com cordialidade às tomadas de posição do novo Papa, algo que não acontecia com João Paulo II: apesar de ter visitado centenas de países, João Paulo II nunca se pôde deslocar à Rússia, por oposição da Igreja Ortodoxa.
O seu sucessor encontra um clima de tensão, criado após o desaparecimento da União Soviética: Moscovo acusa os católicos de proselitismo em terras tradicionalmente ortodoxas, particularmente a Bielorússia e a Ucrânia. Em 2000, a situação agravou-se após a criação de quatro dioceses católicas na Rússia. Uma comissão mista foi criada em 2004, após uma visita do Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a promoção da Unidade dos Cristãos, mas ainda não hánenhum tipo de acordo sobre os diferendos entre as duas Igrejas.
Logo após o início do seu pontificado, Bento XVI reafirmou a necessidade de desenvolver a cooperação com a Igreja Ortodoxa da Rússia ao receber no Vaticano o metropolita Kyrill, responsável pelo Departamento das Relações com o Exterior do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo.
O Patriarca Ortodoxo da Rússia, Alexis II, felicitara o novo Papa Bento XVI, aquando da sua eleição, revelando esperar um “diálogo frutuoso” entre as duas Igrejas. O Patriarcado de Moscovo acolheu, de facto, de uma forma muito optimista a eleição do Cardeal Joseph Ratzinger, esperando melhorias substanciais no relacionamento mútuo através da diminuição da “acção missionária católica” nos territórios da antiga URSS.
A solução deste problema, contudo, não se afigura fácil: o Patriarca Ortodoxo tem insistido na tese de "proselitismo católico" na Rússia e nas outras onze repúblicas da ex-União Soviética. Acusando católicos e protestantes de proselitismo, Alexis II pretende que o Cristianismo na Rússia seja sinónimo exclusivo de Igreja Ortodoxa.







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