Bioética e familia, temas centrais do discurso do Papa na abertura do encontro sobre
a familia promovido pela diocese de Roma:Bento XVI pediu a defesa da inviolabilidade
da vida humana
Intervindo nesta segunda feira á noite no encontro promovido pela diocese de Roma
sobre a família Bento XVI reafirmou a nítida contrariedade da Igreja perante qualquer
hipótese de manipulação da vida que nasce.
No homem e na mulher - afirmou o Papa sobre o tema controverso da manipulação da
vida – a paternidade e a maternidade, como o corpo e o amor, não se deixam circunscrever
ao aspecto biológico; a vida é dada inteiramente somente quando com o nascimento são
dados também o amor e o sentido que tornam possível dizer sim a esta vida.
Precisamente a partir daqui-afirmou o Papa- torna-se muito claro quanto é contrário
ao amor humano, á vocação profunda do homem e da mulher, fechar sistematicamente a
própria união ao dom da vida, e mais ainda suprimir ou manipular a vida que nasce.
Num contexto cultural como é o actual- explicou Bento XVI – dominado por um relativismo
que nega a verdade cristã, a vida deve ser defendida, pela Igreja e pela comunidade
dos fiéis, desde a sua concepção até á morte.
Portanto o Papa explicou que a natureza não pode ser libertada de Deus com base em
critérios simplesmente funcionais e técnicos para uma presumida felicidade superior
do homem. Desta maneira- afirmou- nega-se a própria essência da natureza que provém
da criação de Deus.
O aviltamento do amor humano, a supressão da autentica capacidade de amar revela-se
de facto, no nosso tempo- explicou Bento XVI na Basílica de São João de Latrão – a
arma mais idónea e mais eficaz para afastar Deus do homem, para afastar Deus do olhar
e do coração do homem. Ao mesmo tempo a vontade de libertar a natureza de Deus leva
a perder de vista a própria realidade da natureza, incluindo a natureza do homem,
reduzindo-a a um conjunto de funções, das quais dispor á vontade para construir um
pressuposto mundo melhor e uma pressuposta humanidade mais feliz.
O Papa quis defender com força também a família natural fundada no matrimónio entre
o homem e a mulher.
Palavras proferidas num momento em que a Suiça deu luz verde ás uniões homossexuais
através de um referendo, enquanto que a Espanha já seguiu o mesmo caminho. Várias
formas de regulamentação das uniões de facto e dos casais homossexuais existem já
em vários países europeus.
É portanto com o olhar dirigido a uma série de modificações legislativas que puseram
em discussão a família tradicional, em grande parte na Europa, que o Papa lançou o
seu alarme contra os matrimónios entre pessoas do mesmo sexo e as uniões livres.
As várias formas de dissolução do matrimónio, como as uniões livres e o matrimónio
de prova- disse Bento XVI- até ao pseudo-matrimonio entre pessoas do mesmo sexo, são
pelo contrário expressões de uma liberdade anárquica que erroneamente se faz passar
por verdadeira libertação do homem.
Segundo o Papa uma tal pseudo liberdade, tem o seu fundamento numa banalização do
corpo, que inevitavelmente inclui a banalização do homem. O seu pressuposto é que
o homem pode fazer de si mesmo o que quiser: o seu corpo torna-se assim uma coisa
secundária do ponto de vista humano, que se pode utilizar á vontade.