O dia 13 de Maio é o dia de Fátima e marcou, de forma profunda, o pontificado do falecido
Papa João Paulo II. Passados apenas 42 dias sobre a sua morte, o 13 de Maio foi a
data escolhida para que Bento XVI anunciasse o início imediato do processo de beatificação.
João Paulo II vai ficar conhecido, de maneira particular em Portugal e nos países
lusófonos como o "Papa de Fátima", Santuário que visitou por três ocasiões. A ideia
pode parecer excessiva, mas há bons motivos para este título: simbolicamente, a bala
que lhe atravessou o abdómen no dia 13 de Maio de 1981repousa hoje na imagem da Virgem
na Cova da Iria.
Em Maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla
chegava a Fátima para “agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus
parece ter escolhido de modo tão particular”.
A revelação da ligação do atentado de 1981 à terceira parte do segredo de Fátima (uma
mensagem anunciada por Nossa Senhora aos Pastorinhos em Julho de 1917 e escrita por
Lúcia na década de 40) veio reforçar cumplicidade entre o Papa polaco e o Santuário
português. João Paulo II sempre se mostrou seguro de que “uma mão maternal” guiou
a trajectória da bala naquela tarde de Maio de 1981.
O Cardeal Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que
assinou o documento que Bento XVI leu neste dia 13 na Basílica de São de Latrão no
encontro com o clero de Roma e que anunciou o inicio do processo de beatificação e
canonização de João Paulo II, considera que é um acontecimento histórico extraordinário
esta decisão de Bento XVI, e um grande dom para a Igreja até porque sublinha a dimensão
universal de João Paulo II.
O anúncio ocorreu a 13 de Maio: o cardeal D. José Saraiva Martins não acredita que
tenha sido mera coincidência. “É muito significativo que se faça no dia 13 de Maio,
porque vem sublinhar, com força, a ligação íntima e profunda que existiu entre o Papa
João Paulo II e Fátima.
Já quanto ao convite que o bispo de Leiria Fátima vai fazer a Bento XVI para ir a
Portugal logo que possível, provavelmente em 2007 por ocasiãoo dos 90 anos das aparições,
entre outro acontecimentos, D. José Saraiva Martins também espera que esta visita
se concretize para canonizar os pastorinhos, entre outros objectivos importantes .
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos ressalta, com humor, o facto de
o anúncio da abertura da causa de Beatificação e Canonização de João Paulo II ter
sido feito com base no
Rescritto
assinado por ele. “A decisão já tinha sido, naturalmente, preparada neste Dicastério:
o decreto foi assinado dia 12 e neste dia 13 o Papa deu logo a notícia”, revela.
“Este é um dom que o Papa Bento XVI faz à Igreja e a minha reacção é muito positiva,
como não poderia deixar de ser”, afirma.
Apesar da dispensa do tempo de espera de cinco anos, o Cardeal Saraiva Martins observa
que o processo de João Paulo II seguirá, a partir de agora, todas as normas canónicas.
“A dispensa refere-se apenas ao tempo de espera, não comporta a dispensa do processo,
que seguirá as regras prescritas pelo Direito Canónico”, conclui.