2005-05-07 16:23:03

Atender as pessoas não é um problema de orçamento mas de humanidade: alertou o presidente da União das Misericórdias portuguesas


A sociedade portuguesa confronta-se com um grave problema social: o fenómeno do envelhecimento. Para reflectir sobre «Envelhecimento – Novos desafios do século XXI», a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) organizou um congresso, de 5 a 7 de Maio, na Torre do Tombo, em Lisboa, para que se possam “prevenir as situações de degradação económica dos idosos, a situação de isolamento e a situação de falta de saúde” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Vítor Melícias, presidente da UMP.
Vindas de um “glorioso passado” com mais de 500 anos de respostas humanizadas às necessidades de cada tempo e cada lugar, as misericórdias são “um fenómeno especifico e exemplar da solidariedade portuguesa” – sublinhou o Presidente da União das Misericórdias Portuguesas. Associações que resultam do “voluntariado” e da “boa vontade” das populações locais, estas são muitas vezes confundidas com a Misericórdia de Lisboa “em relação às questões dos jogos” – disseram alguns provedores de Misericórdias presentes no congresso. Esta confusão – explica o Pe. Vítor Melícias – deriva da “falsa ideia que as Misericórdias são instituições do Estado ou do sector público”. Embora, o Estado tenha “obrigações” com os cidadãos que as Misericórdias apoiam. O Estado “deve financiar” as pessoas que são acolhidas nas chamadas “respostas sociais”. Em relação aos jogos sociais, o sacerdote franciscano realça “que existe a ideia que o resultado destes é para as Misericórdias. Não é verdade”. Uma parte do lucro é atribuído à Misericórdia de Lisboa para exercer “a acção social” na cidade. As outras Misericórdias “não recebem directamente nenhuma participação” nesta área.
Para as várias misericórdias exercerem o seu trabalho social existem “acordos negociados anualmente” com as entidades governamentais. Na negociação nem sempre há sintonia de pontos de vista porque “o Estado rege-se muito por critérios financeiros” – disse o Pe. Vítor Melícias. E avança: apesar de algumas divergências “têm-se dado passos muitos positivos”. Primeiro com o Pacto de Cooperação para a Solidariedade – estabelecem-se as grandes regras da cooperação – e, em segundo lugar, as Misericórdias têm protocolos com vários departamentos estatais para o financiamento, apoio e ajudas técnicas. Apesar dos acordos “é preciso rever os apoios prestados e ter como base as necessidades e não as capacidades do orçamento” – disse o Pe. Vítor Melícias. “Atender as pessoas não é um problema de orçamento mas de humanidade” – salienta o director da UMP.







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