Bispos espanhóis atacam decisão de legalizar uniões homossexuais: nota do episcopado
apela á objecção de consciencia
O comité executivo da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) criticou duramente a decisão
de legalizar as uniões homossexuais no país, tomada pelo executivo de José Luis Zapatero,
considerando a decisão como uma “lei radicalmente injusta que corrompe a instituição
do matrimónio”.
A CEE apela a todos os católicos do país que se oponham de “forma clara e incisiva”
ao projecto de lei, incluindo a objecção de consciência relativamente a estes casamentos,
por entenderem que a legalização de uniões do mesmo sexo é “um passo atrás no caminho
da civilização”.
O comunicado hoje divulgado na página oficial da CEE diz que o projecto adoptado no
mês passado pelos deputados espanhóis vai contra “a razão” e “a moral”, mas explica
que não quer ir contra ninguém, antes “ir a favor do amor pela verdade e pelo bem
de cada pessoa”.
Para os Bispos espanhóis, a decisão governamental – que autoriza igualmente a adopção,
sem restrição, pelos casais homossexuais – “não terá o carácter de verdadeira lei,
porque estará em contradição com a razão e a norma moral”.
Aprovado no passado dia 22 de Abril pelo parlamente, este projecto de lei é o mais
liberal do género na Europa. O Senado terá ainda de o aprovar antes da sua entrada
em vigor.
“A união de pessoas do mesmo sexo não pode ser um matrimónio. O que se faz é corromper
a instituição do matrimónio”, assinala a nota da CEE, que retoma várias das ideias
apresentas a 15 de Julho de 2004, no documento intitulado “Em favor do verdadeiro
matrimónio”.
A CEE lamenta que na legislação espanhola o matrimónio venha a deixar de ser “uma
indissolúvel união de vida e de amor entre um homem e uma mulher, aberta à procriação,
para tornar-se um contrato sem nenhuma referência à diferença de sexos”.
Como consequência destas posições, o episcopado espanhol exige aos católicos que não
votem a favor desta norma e que recorram à objecção de consciência “na aplicação de
uma lei que não tem força de obrigar moralmente a ninguém”.
“O ordenamento democrático deve respeitar este direito fundamental da liberdade de
consciência e garantir o seu exercício”, conclui a CEE, num aviso ao governo socialista.