Em Portugal Presidente da República não convoca referendo por não estarem "asseguradas
condições minimas" para uma consulta sobre o aborto
Sem esperar pela opinião do Tribunal Constitucional, o Presidente da República Portuguesa
decidiu ontem devolver ao Parlamento a proposta de referendo ao aborto, assim enterrando
a possibilidade de a consulta se realizar até final deste ano.
O Presidente Jorge Sampaio, anunciou, numa mensagem enviada à Assembleia da República,
a sua decisão por “não estarem asseguradas as condições mínimas” a uma “participação
significativa
na consulta
.Nela refere que teria de marcar a consulta "para um domingo de Julho", com os consequentes
riscos de fraca participação (repetindo o que sucedeu em 1998). "Para tal facto alertei
antecipadamente os partidos com representação parlamentar", devolvendo, assim, a responsabilidade
ao Parlamento. O Chefe do Estado recebeu as diversas forças em vésperas da aprovação
na AR do referendo, que se realizou no passado dia 20 de Abril.
Para evitar que o ónus sobre si recaia Sampaio deixa claro que a recusa de convocação
"não deve ser interpretada como rejeição política do conteúdo da proposta", antes
como um "incentivo à realização do referendo em circunstâncias mais adequadas".
Ao mesmo tempo, o Presidente apela a que na revisão constitucional em curso sejam
revistos os prazos para realização e convocação de referendos. Isto porque a lei fundamental
não permite a marcação de consultas ao mesmo tempo que decorrem outros processos eleitorais.
Com os dados actuais, e dado que aí vêm as autárquicas e presidenciais, não é possível,
portanto, a convocação deste referendo até final do ano. Fica assim para 2006. Já
com novo inquilino em Belém (sede da presidência da Republica).