2005-04-24 14:46:09

Em Timor Leste Igreja e governo tentam pôr fim ás manifestações


Uma delegação governamental timorense, chefiada pelo primeiro-ministro Mari Alkatiri, reúne-se na quarta-feira com o bispo de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva, e o bispo de Baucau, D. Basílio do Nascimento, para tentar desbloquear o impasse criado por uma semana de protestos dos católicos contra o governo.
Os manifestantes estão contra a política do governo, designadamente o plano experimental pedagógico que visa retirar à disciplina de Religião o actual peso curricular que detém, passando a facultativa. Para a Igreja Católica, a preocupação central é resolver as exigências dos manifestantes. Estas exigências passam pela demissão do primeiro-ministro e substancial alteração da política governamental.
Antes do encontro de quarta-feira, está previsto para amanhã uma reunião entre uma delegação da Igreja Católica de Timor-Leste com um dos dois ministros de Estado do governo – José Ramos Horta ou Ana Pessoa.
Há cerca de uma semana que centenas de católicos manifestam-se às portas do Palácio do Governo, um protesto que não foi autorizado pelas autoridades timorenses alegando que o pedido de autorização entrou tarde no Comando Geral da Polícia Nacional de Timor-Leste. Contudo, até agora não se registaram quaisquer incidentes.
O presidente da República, Xanana Gusmão, recusa pronunciar-se sobre a manifestação, considerando que a “resolução do que está em discussão cabe ao governo”. Xanana acredita que “os manifestantes e o governo saberão ultrapassar as arestas do desentendimento”.
Ao mesmo tempo que era confirmado, o encontro do primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, com os dois bispos do país, o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos-Horta, exigia que o embaixador norte-americano no país, Joseph Rees, explique o envolvimento de elementos da sua representação diplomática na manifestação anti-governamental organizada pela hierarquia católica
"Os bispos acolhem o convite ao diálogo com o Governo e aceitaram a proposta do senhor primeiro-ministro para um encontro no Palácio do Governo, antes da conferência de doadores", salientou o padre Domingos Soares.
O encontro de doadores vai juntar os parceiros de desenvolvimento com o Executivo de Díli, para a avaliação anual da economia timorense.
"Alguns agentes diplomáticos têm estado implicados, de uma forma ou de outra, no apoio aos manifestantes. Se isso é verdade, então estão a violar a Convenção de Viena", salientou Ramos-Horta, acrescentando que "seria impensável um embaixador timorense em Washington, por exemplo, participar ou estar presente numa manifestação anti-guerra do Iraque que iria contra a política do país anfitrião".
A Imprensa timorense publicou fotos do embaixador Joseph Rees no meio dos manifestantes e viaturas com matrícula diplomática da Embaixada dos EUA foram referenciadas a acompanhar os manifestantes que se deslocavam do interior para Díli, para participar no protesto.







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