2005-04-22 11:47:02

Os homens que inspiraram Bento XVI


A escolha de Bento para nome do novo Papa apanhou de surpresa os cardeais que o elegeram ao fim de quatro votações mas o eleito - o cardeal Ratzinger passará a chamar-se Bento XVI – explicou as razões de tal escolha: S. Bento, padroeiro da Europa, e Bento XV, que liderou a Igreja de 1914 a 1922.
Os monges beneditinos ficaram satisfeitos com a escolha porque foram o seguidores de S. Bento que evangelizaram a Europa, um “continente que nós queremos politicamente unido” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Geraldo Coelho Dias, monge beneditino. A Europa tendo sido o “primeiro continente cristão” está “profundamente descristianizado”. Em 1964, Paulo VI escolheu S. Bento para padroeiro da Europa, Bento XVI – realça o monge beneditino – pretende “colaborar na aproximação do coração da Europa”. Através cruz, da pena e do arado, os seguidores de S. Bento construíram “esta Europa que nos orgulhamos de pertencer”. O nome de S. Bento esteve presente “no espírito do Papa Bento XVI” – sublinha o Pe. Geraldo Coelho Dias. Foi buscar às raízes europeias “o nome de um santo que tem uma projecção universal”.
Os beneditinos estão espalhados por todo o mundo, o primeiro mosteiro desta ordem “construído no novo mundo – Brasil – foi construído pelos monges portugueses na cidade de S. Salvador da Baia”. Este pontificado “não irá cortar com os anteriores” mas “procurar um nome ligado à missão”.
Se S. Bento inspirou a escolha, o Papa Bento XV – o “homem da paz” – também teve influência. Natural da Alemanha, o cardeal Ratzinger viveu “os horrores da última grande Guerra” e sentiu que a figura do seu antecessor – Bento XV – poderia “ser emblemática e significativa para aproximar na paz”. A re-cristianização da Europa será uma prioridade do seu Pontificado mas “Bento XVI tem uma visão da Igreja que é ecuménica e universal”. E acrescenta: “irá abrir-se ao grande mundo dos vários continentes”. Uma escolha “emblemática e significativa”.
Com um temperamento “manso e até tímido”, o novo Papa não deixará de “levar ao mundo a mensagem total da Igreja”. Bento XVI “não é aquele cardeal da inquisição e dos medos”. Como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ele assumiu “a sua função” de “zelar pelo radicalismo cristão”. Na participação no II Concílio Vaticano, ele mostrou “como estava aberto aos grandes problemas do homem e do mundo”. Só uma certa “cegueira” provocada pela Revolução Francesa é que “pode esquecer que os valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade são profundamente cristãos” – disse o Pe. Geraldo Coelho Dias.
Quando recebeu o Prémio «S. Bento», atribuído pela Fundação de Subíaco para a Vida e a Família, no passado dia 1 de Abril, o agora Bento XVI referiu que “a força moral não cresceu junto ao desenvolvimento da ciência mas que ao contrário diminuiu”. O perigo actual está “no desequilíbrio entre possibilidades técnicas e energia moral”. O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé até a morte de João Paulo II assinalou que a “Europa desenvolveu uma cultura que, num modo desconhecido para a humanidade, exclui Deus da consciência pública, seja negando-o de todo ou julgando que a sua existência não é demonstrável, incerta, e, portanto, algo irrelevante para a vida pública”.
Bento XVI terá presente o ardor pastoral do papa que atravessou a primeira guerra mundial. Foi ele que a 29 de Junho de 1919, numa carta apostólica reconheceu a República Portuguesa e a 18 de Dezembro desse ano escreveu aos bispos portugueses para apoiar a criação do Centro Católico Português. Bento XV “olhou para o mundo de hoje, foi o papa da missionação, da abertura da Igreja aos povos que, estando mais longe, com maior dificuldade poderiam abrir-se à fé cristã. O desafio missionário, foi o seu carisma” – frisou o Pe. Vítor Feytor Pinto. Na carta apostólica sobre as missões, Maximum Illud (1919), Bento XV deplora profundamente o “zelo indiscreto” de muitos missionários em servir os interesses e promover o prestígio do seu país de origem, tornando deste modo suspeita a acção propriamente evangelizadora (cf. n. 19-20).
Quando D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, foi cumprimentar Bento XVI após a eleição, o actual sucessor de Pedro disse-lhe: “Portugal, Portugal, Fátima. Não se esqueça de apresentar a Nossa Senhora este pontificado.







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