Jovens e crianças recrutados para novos conflitos na África Ocidental
Milhares de jovens e crianças, muitos destes autores de atrocidades nas guerras civis
da África Ocidental, estão a ser recrutados para os conflitos emergentes. Faltam alternativas
à guerra.
Costa de Marfim e Guiné, dois países marcados pela crescente instabilidade política,
são os teatros actuais que atraem estes jovens. São mercenários que cresceram na guerra
em países como a Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim e Guiné.
Desde os anos oitenta a impunidade e a pobreza levaram a uma escalada da violência
nestes países. Uma e outra vez estes mercenários, muitos deles raptados em crianças
por grupos armados, são atraídos pelas zonas de conflito. Muitos destes combatentes
cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Políticas governamentais
corruptas, assim como traficantes que inundam a região com armas, levam a um aumento
da intensidade destes conflitos internos.
O Observatório dos direitos humanos (HRW) apurou que centenas de combatentes desmobilizados
na Libéria, incluindo crianças, tinham sido recrutados para lutar na Costa do Marfim.
Segundo as fontes consultadas, estes recrutamentos foram feitos pelas milícias associadas
ao governo da Costa do Marfim.
Quando foram recrutados pela segunda vez, todos estavam desempregados ou a viver em
condições precárias. Foram motivados com compensações económicas e a oportunidade
para saquear.
Muitos receberam pelo menos uma parte da compensação económica oferecida pelo recrutadores.
Muitos deles afirmam ter usado o dinheiro para pagar rendas, escola e tratamentos
médicos da família alargada.
Esforços internacionais para desarmar e reintegrar antigos combatentes nas suas comunidades
de origem têm tido uma taxa de sucesso muito limitada, diz o HRW. Também são denunciados
abusos por parte de oficiais que desviam fundos das nações Unidas destinados aos seus
subordinados.
Uma desmobilização só pode ser efectiva quando se criem oportunidades de educação
e trabalho. Na falta destas condições os antigos combatentes ficam muito vulneráveis
a ser recrutados para novos conflitos.