Cerca de 200 organizações não governamentais (ONG) e 1154 defensores dos direitos
humanos foram alvo de actos de repressão em mais de 90 países, em 2004, nomeadamente
a coberto do combate ao terrorismo, denuncia um relatório divulgado esta quarta feira.
"O número de casos duplicou em relação ao relatório de 2003", afirmou a Federação
Internacional das Ligas dos Direitos Humanos (FIDH) e a Organização Mundial Contra
a Tortura (OMCT). A repressão está, por vezes, directamente relacionada com uma utilização
falaciosa da luta contra o terrorismo.
Nalguns países, os defensores dos direitos humanos são equiparados a rebeldes ou terroristas
(na Colômbia ou Nepal) ou são vítimas de legislações securitárias restritivas (como
na Rússia ou na Ásia Central). Na Tunísia e no Usbequistão são tratados como criminosos
de delito comum.
A América Latina continua a ser a região mais perigosa, com um grande número de assassínios
na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Honduras, México ou Peru, destaca o documento.
O número de assassínios também aumentou na Ásia, especialmente no Afeganistão, Camboja,
Índia, Nepal ou Paquistão. A estes crimes, juntam-se as detenções arbitrárias na China
e Vietname. Em África, os defensores dos direitos humanos são vítimas de difamação
e ameaças. O relatório revela ainda que, no Médio Oriente, as ONG enfrentam grandes
obstáculos de movimentos, especialmente nos territórios ocupados.