Pela terceira vez nas últimas três semanas, os muçulmanos de Lisboa incluíram uma
prece por João Paulo II nas orações em congregação das sextas-feiras. Perante a sala
de orações da Mesquita Central completamente cheia, o xeque Munir pediu a Alá por
todos os que sofrem, por todos os que estão doentes e, nomeadamente, pelo chefe da
Igreja Católica.
Entre os que rezaram pelo Papa estava Yiossuf Adamgy, editor da revista Al Furqán.
Para este muçulmano, a forma como no final da sua vida João Paulo II está a lidar
com o sofrimento é "um exemplo". "Numa altura em que as pessoas pedem para serem injectadas
para morrer, ele dá uma lição, aguenta firme até que Deus lhe leve a alma", explica,
"e isso é um ponto de vista islâmico".
Os muçulmanos vêem João Paulo II "com um certo carinho", confirma o xeque Munir. "Houve
barreiras que ele quebrou e que foram marcantes. Esteve presente nas mesquitas, visitou
países islâmicos, e quando chegava beijava o solo tal como fazia nos países católicos".
É, acima de tudo, alguém que "mostrou que é possível manter o diálogo".