2005-03-31 12:38:59

Legislativas no Zimbabwe:voto condicionado pelo medo e intimidação


Sem a presença de observadores internacionais de peso e com a vitória praticamente anunciada, o partido do Presidente Robert Mugabe disputa hoje as eleições legislativas no Zimbabwe com o seu principal adversário, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC) liderado por Morgan Tsvangirai.
A campanha decorreu sem os violentos incidentes que marcaram as legislativas de 2000 e as presidenciais de 2002, mas o clima de "medo" e "intimidação" em todo o país condiciona a tendência do voto de hoje a favor da União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-FP), no poder, no entender de organizações de direitos humanos locais e internacionais.
Nestas eleições, a presença de observadores limita-se a representantes de países e instituições considerados "amigos" do Governo de Harare, como o partido Frelimo de Moçambique. Todos os que não reconheceram como livres as eleições anteriores - União Europeia, Estados Unidos, Commonwealth e Fórum de Parlamentares da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) - não foram convidados para observar o acto eleitoral, suscitando desde logo suspeitas por parte de analistas independentes quanto às intenções do partido de Mugabe.
Às críticas, o Governo responde que "para os padrões eleitorais da região" o seu país está "acima da média" e atribui as acusações de que é alvo a uma campanha hostil vinda do Ocidente e liderada pela antiga potência colonial, a Grã-Bretanha.
Nas legislativas de hoje, porém, a questão não será tanto saber se a oposição tem hipóteses de derrubar o Governo mas saber se o partido do Governo tem hipóteses para conquistar uma maioria de dois terços da Assembleia; tal permitir-lhe-ia limitar ainda mais, através de eventuais alterações à Constituição, a margem de manobra de adversários que têm vindo a perder influência.
Uma das emendas previsíveis diz respeito à sucessão do Chefe de Estado, em caso de renúncia ou morte; o partido gostaria de ver garantida a sucessão de uma personalidade por ele escolhida e não a convocação de novas eleições, como prevê a actual lei.








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