Clero de Cabinda condena os tumultos de 22 de março na Catedral
O Clero de Cabinda demarca-se dos incidentes ocorridos em 22 de Março, na Sé Catedral.
“Nós deploramos os acontecimentos do dia 22 de Março, terça-feira Santa, por ocasião
da celebração da Missa Crismal presidida pelo Administrador Apostólico, Dom Damião
Franklin”, disse hoje o Vigário Geral da Diocese, padre Raul Tati, em entrevista à
rádio Ecclesia. “Aqueles acontecimentos são tão graves” por ocorrerem durante uma
celebração eucarística, que o sacerdote considera que se está “perante um sacrilégio”.
Durante a Missa Crismal, alguns participantes insultaram o Arcebispo de Luanda, empunhando
cartazes onde contestavam a nomeação de Dom Filomeno Vieira Dias para bispo de Cabinda.
No final da celebração, Dom Damião e a comitiva foi mesmo apedrejado no trajecto entre
a catedral e a sacristia. Dom Damião, que é também presidente da Conferência Episcopal,
tinha-se deslocado ao enclave para presidir à Missa Crismal na sua condição de Administrador
Apostólico da diocese. “Desencorajamos atitudes do género, que mancham o bom nome
da nossa Igreja e do povo de Cabinda”, disse o padre Raul Tati.
O Vigário Geral afirmou que o clero não só condena a acção, como descarta qualquer
responsabilidade no ocorrido. Mas admite que a Igreja em Cabinda está a viver uma
crise. “Mas nós não nos afogamos na crise; as crises passam”, disse.
O padre Raul Tati manifestou-se também preocupado com o ambiente que se vive, de contestação
crescente, recordando episódios anteriores de protesto das populações, como aquando
das comemorações do 10 de Dezembro ou por ocasião do carnaval. “Está-se a atingir
um grau de saturação e frustração e as pessoas começam a perder certos escrúpulos”.
O Vigário Geral reconhece ainda que está a ocorrer um aproveitamento político da situação.