Comoção no mundo inteiro,pela aparição de João Paulo II á janela dos seus aposentos
para a benção apostolica do Domingo de Páscoa
Depois de ter faltado a todas as celebrações da Semana Santa,a aparição de João Paulo
II neste domingo á janela dos seus aposentos para dar a bênção apostólica sensibilizou
e comoveu o mundo inteiro.
João Paulo II foi visto por milhares de fiéis no Vaticano e, em directo, pela televisão.
O Papa tentou dizer algumas palavras, mas da sua boca não saíram mais do que uns sons
imperceptíveis e uma respiração pesada. Num sofrimento visível, o Santo Padre agarrou
o rosto com as duas mãos e apertou os braços da cadeira onde estava sentado.
Ao ver o seu estado, muitos peregrinos choraram.
O presidente da câmara de Roma, Walter Veltroni, classificou o momento, que durou
cerca de um quarto de hora, de "extrema emoção". "No fundo da sua dor, a mensagem
do Papa é uma mensagem de esperança", sublinhou à AFP.
Na mensagem, lida por Sodano, João Paulo II apelou à paz, especialmente no Médio Oriente
e em África, onde "continua a derramar-se muito sangue". O Papa defendeu ainda a solidariedade
para todos os que morrem de "miséria e de fome" e para com as populações "dizimadas
por epidemias mortais e afectadas por terríveis catástrofes naturais".
"Fazei com que o progresso material dos povos não destrua jamais os valores espirituais
que são a alma da civilização", concluía.
O pontífice, de 84 anos, sofre da doença de Parkinson e desde o início do ano já esteve
hospitalizado duas vezes, devido a complicações respiratórias. No final de Fevereiro,
foi submetido a uma intervenção cirúrgica à traqueia. Saiu do hospital no passado
dia 13.
A demorada convalescença obrigou João Paulo II a manter-se longe das celebrações da
Semana Santa e do Triduo pascal o que lhe terá causado grande sofrimento, já que em
26 anos de pontificado nunca tinha falhado uma cerimónia nestes dias em que o mundo
católico celebra a morte e ressurreição de Cristo.