2005-03-18 12:55:53

Uma vida doada: carta de João Paulo II aos sacerdotes


“Doente entre os doentes, unindo, na Eucaristia, o meu sofrimento ao de Cristo quero reflectir convosco sobre alguns aspectos da nossa espiritualidade sacerdotal.
Irei fazê-lo, deixando-me guiar pelas palavras da instituição da Eucaristia, as mesmas que diariamente pronunciamos, in persona Christi, para tornar presente sobre os nossos altares o sacrifício realizado uma vez por todas no Calvário; é que de tais palavras brotam indicações de espiritualidade sacerdotal muito elucidativas: se toda a Igreja vive da Eucaristia, a existência sacerdotal deve a título especial tomar « forma eucarística ». Por isso, as palavras da instituição devem ser, para nós, não apenas uma fórmula de consagração, mas uma « fórmula de vida ».
É com estas palavras que João Paulo II se dirige aos sacerdotes do mundo inteiro por ocasião da Quinta feira Santa.
No documento o Papa traça um quadro da vida do sacerdote como existência grata, doada, salvada para salvar,consagrada, voltada para Cristo .No paragrafo sobre a gratidão, João Paulo II observa entre outras coisas: “Temos as nossas cruzes — e não somos certamente os únicos a havê-las! — mas os dons recebidos são tão grandes que não podemos deixar de cantar, do fundo do coração, o nosso Magnificat.
Uma vida doada, escreve depois o Papa pedindo ao sacerdote que se coloque á disposição da comunidade e ao serviço de qualquer pessoa que passe necessidade. .
E obedecendo por amor, renunciando mesmo a legítimos espaços de liberdade quando se trata de aderir a um autorizado discernimento dos Bispos, o sacerdote realiza na própria carne aquele « tomai e comei » de Cristo, quando, na Última Ceia, Se entregou a Si próprio à Igreja. Viver como salvado para salvar, recorda João Paulo II empenha o sacerdote a progredir no caminho de perfeição: de facto, a santidade é a manifestação plena da salvação. Só vivendo como salvados é que nos tornamos arautos credíveis da salvação. No tempo em que vivemos - observa depois o Papa, valoriza a existência evocativa do sacerdote.”Num tempo de rápidas mudanças culturais e sociais que afrouxam o sentimento da tradição e deixam, sobretudo as novas gerações, expostas ao risco de perderem a ligação com as próprias raízes, o sacerdote é chamado a ser, na comunidade que lhe está confiada, o homem com a memória fiel de Cristo e de todo o seu mistério.
João Paulo II recomenda depois que os sacerdotes se dediquem á adoração: “permanecer diante de Jesus Eucaristia, valer-se, em certo sentido, das nossas « solidões » para enchê-las desta Presença, significa conferir à nossa consagração todo o calor da intimidade com Cristo, donde recebe alegria e sentido a nossa vida.
Praticando a caridade e vivendo no meio do povo de Deus, o sacerdote orienta o seu caminho e alimenta a sua esperança, e não se deve esquecer que um sacerdote « conquistado » por Cristo (cf. Fil 3, 12) pode mais facilmente « conquistar » outros para a opção de fazerem a mesma aventura.











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