João Paulo II denuncia o esquecimento das questões fundamentais da justiça
João Paulo II alertou para a necessidade de não esquecer as “questões fundamentais
da justiça” num momento em que o mundo se vê confrontado com “os enormes progressos
da ciência e da tecnologia”.
Na mensagem que enviou aos participantes no simpósio "O apelo à justiça: a herança
da Gaudium et Spes a 40 anos da sua promulgação", a decorrer actualmente no Vaticano
sob a égide do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), o Papa lembra que “a Igreja
está constantemente comprometida em lembrar a todos os crentes a necessidade de interpretar
as realidades sociais à luz do Evangelho”.
A Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” é o documento do II Concílio do Vaticano
sobre a Igreja no mundo contemporâneo. A mensagem de João Paulo II sublinha a “aspiração
comum a uma maior solidariedade entre os povos e a uma estruturação mais humana das
relações sociais”, antes de condenar fenómenos como a guerra e a violência.
“A triste persistência dos conflitos armados e as recorrentes manifestações de violência
em muitíssimas partes do mundo constituem uma prova da inseparável relação entre justiça
e paz, segundo o ensinamento fundamental proposto com corajosa clareza na Gaudium
et spes”, escreve o Papa.
Nesse sentido, a mensagem indica que só haverá paz duradoura com “condições de maior
justiça no mundo”, explicando que “uma verdadeira paz implica, de facto, a firme determinação
de respeitar os outros, indivíduos e povos, na sua dignidade, bem como a vontade constante
de incrementar a fraternidade”.
“O discurso sobre a justiça é o fundamento de qualquer ordenamento recto da ordem
social”, acrescenta.