Em Nota pastoral a conferencia episcopal de Angola e S. Tomé manifesta-se abertamente
contra o aproveitamento politico das suas estructuras
A Conferência Episcopal de Angola e S.Tomé (CEAST) denunciou hoje o aliciamento e
pressões sobre catequistas para exercerem funções de activista políticos nalguns Partidos.
“Esta prática é totalmente reprovável e incompatível com a função de Catequista”,
afirmam, lembrando que essa incompatibilidade estende-se também aos padres e Bispos.
O episcopado justifica esta posição porque “tornar-se militante dum Partido significa
tornar-se adversário dos adeptos dos outros Partidos, o que resulta automaticamente
na divisão da sua comunidade, tornando-se ministro não de comunhão mas de divisão”.
Numa Nota Pastoral sobre o assunto, a CEAST esclarece que os outros cristãos que não
exercem funções de dirigentes de comunidade “podem e devem ter a coragem de assumir
responsabilidades políticas no Partido da sua livre escolha, se tiverem vocação para
isso”.
O documento denuncia a suspensão de cultos dominicais para no seu lugar realizar um
comício com o povo: “Já aconteceu chegar o sacerdote ao bairro na hora da Missa, e
encontrar o povo reunido num comício com o Soba ou com o Secretário do Partido”.
O episcopado lembra que a celebração do culto dominical é um direito dos crentes e
nenhuma autoridade tem poder para dele dispensar os cristãos. Por isso, solicitam
às autoridades locais que para a realização de comícios escolham outros horários que
não os do culto.
Os prelados angolanos não especificam nenhum partido, mas na conferência de imprensa
de encerramento da assembleia plenária da CEAST, que hoje terminou na capital angolana,
D. Eugenio dal Corso explicou que “aconteceram já vários casos, em diferentes províncias
e com diferentes partidos”.
A Nota Pastoral conclui-se com os Bispos a pedirem aos fiéis para não irem ao culto
com as insígnias do seu Partido. Pela mesma razão, vincam, “não se façam nos lugares
de culto avisos de carácter político ou partidário, mas tão-somente de carácter religioso
ou social”.