Bispo africano traça paralelo entre as "duas Áfricas"

Roma, 12 nov (RV)- O Arcebispo de Kisangani, Congo, Dom Laurent Monsengwo Pasinya, traçou um paralelo entre a chamada "África da morte" e a "África da vida", no decorrer do primeiro Simpósio de Bispos da África e a Europa, realizado esta semana, em Roma.

Para o prelado congolês, um das grandes dificuldades vividas pelo africanos é a de passar ao mundo, a imagem de um continente com uma vocação para o desenvolvimento.

Dom Monsengwo Pasinya afirmou que, apesar de a África representar hoje, apenas 2% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, existe um valor ainda maior depositado na vivência, no trabalho, na resistência e na rejeição à morte.

Dirigindo-se aos 150 bispos e representantes de organismos internacionais provenientes de 62 países dos dois continentes, presentes no encontro, o Arcebispo de Kisangani e também Presidente da Conferência Episcopal do Congo delineou, inicialmente, o perfil da "África da morte".

Para Dom Pasinya, "a África da morte" está presente na instabilidade política, nas guerras e nos conflitos armados, na escravidão, na pobreza, na miséria, no desgoverno, na corrupção e no subdesenvolvimento, no déficit de democracia, no analfabetismo e nas epidemias, principalmente a da AIDS.

Mesmo os recursos naturais, explica o Arcebispo, e as matérias-primas passam a ser uma condenação para a "África da morte". Diante desse quadro escuro mas realista, o Arcebispo congolês lançou, logo depois, os "Desafios à África", apresentando a "África da vida".

Dom Monsengwo Pasinya destacou a riqueza espiritual do povo africano. Dessa religiosidade os africanos tiram uma visão espiritual, uma relação entre o mundo visível e invisível que, através das ligações entre os seres e os ancestrais, forma a base dos valores da família.

Desse processo nasce um espírito comunitário e uma solidariedade de clã _ na lógica do sistema africano _ que não implica nem a exclusão do estrangeiro nem a xenofobia.

"Para a "África da vida", o mundo representa uma grande família que engloba os ascendentes e os descendentes destes, ainda vivos sobre esta terra" _ concluiu o Arcebispo africano. (WM)