2004-09-29 18:01:39

Duramente criticada colaboração entre programa Fome Zero e Nestlé


Brasília, 28 set (RV)- Realizou-se no Brasil, de 13 a 17 do corrente, a Semana do Aleitamento Materno, durante a qual foi duramente criticada a colaboração entre o programa governamental “Fome zero” e a multinacional Nestlé.

A Nestlé está sendo criticada em várias partes do mundo, por não cumprir o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno e foi acusada de ser a principal estimuladora do desmame precoce. A IBFAN (Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar) enviou uma carta ao Presidente Lula, denunciando a Nestlé e criticando a incoerência dessa colaboração entre a multinacional e o “Fome zero”, sob a argumentação de que existe “uma clara contradição entre as idéias do “Fome Zero” e as da Nestlé”.

A Nestlé, por sua vez, se defende, mostrando com números bastante positivos nos diversos programas ligados ao “Fome zero”, que apóia desde 2003.


Na carta enviada ao Presidente Lula, a IBFAN alerta para o fato que a doação de leite comercial (em pó ou líquido) pode ser usada indevidamente na alimentação de lactantes. “Em geral as mães de famílias pobres, que vivem em condições ambientais precárias, são obrigadas a diluir pouco leite em pó em muita água para fazer economia”. Essa economia acaba por causar a desnutrição e a morte de milhares de crianças que são privadas do aleitamento materno durante os primeiros meses de vida.

A Nestlé ressalta que “desenvolve seus rótulos de fórmulas infantis e materiais técnico-científicos em conformidade com o Código Internacional e com as diretrizes da legislação local”.

A multinacional enfatiza ainda a importância da parceria não somente pelos alimentos doados, mas também pelo compromisso de criar dois mil postos de trabalho para jovens de baixa renda, de 16 a 24 anos, em todo o país até 2006. Além do apoio ao Programa Alfabetização Solidária, apoio à pesquisa universitária em Goiás e em Minas Gerais, e outros projetos que a empresa apadrinha.


A carta da IBFAN ressalta que o “Fundo Nelson Mandela para a Criança”, apesar da dramática situação da saúde e nutrição na África, recusou a doação da empresa Nestlé, por entender o conflito de interesses existente nessa ajuda alegadamente “humanitária”. (MZ)








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