Ex-aviador salvadorenho acusado pelo assassinato de Dom Oscar Arnulfo Romero

San Salvador, 04 set (RV)- Um juiz federal declarou o ex-capitão da força aérea salvadorenha Alvaro Rafael Saravia, de ser o responsável pelo assassinato do Arcebispo Dom Oscar Arnulfo Romero, e ordenou que ele pagasse 2,5 milhões de dólares de reparação ao demandante _ um irmão de Dom Romero _ além de 7,5 milhões, como reparação punitiva.

“Para ser responsável pela morte de um ser humano, não é necessário apertar o gatilho”, disse o juiz Oliver Wanger, num julgamento assistido por uma centena de pessoas, entre as quais muitos salvadorenhos. A declaração do juiz mereceu uma salva de palmas e muitos romperam em pranto. Saravia não esteve presente nem representado.

Vívidas recordações do assassinato de Dom Romero e de seu papel na promoção dos direitos humanos na América Latina foram evocadas pela corte, durante uma semana de audiências para determinar a responsabilidade de Saravia. Dom Romero foi assassinado por um franco-atirador quando celebrava missa, e ninguém foi julgado por sua morte.

O processo civil foi iniciado em nome de um irmão de Dom Romero que não foi identificado porque o juiz sabe que ainda existe o perigo de represálias.

Aplicou-se uma lei que data do século XVIII, pouco conhecida, que permite que estrangeiros com conexões nos Estados Unidos, sejam acusados de crimes como torturas e assassinatos.

Os demandantes pediram que a corte determinasse se as provas apresentadas eram suficientes para determinar se Saravia, um capitão da reserva da força aérea salvadorenha cujo último domicílio conhecido era Modesto, Califórnia, fosse responsável pela morte do prelado.

Uma comissão da verdade das Nações Unidas vinculou Saravia e outras pessoas com a morte de Romero. Imediatamente após a divulgação do informe da comissão, em 1993, foi aprovada uma lei de anistia em El Salvador. (MZ)