2004-08-27 19:03:56

Detalhes sobre morte de Dom Romero vêm à luz em julgamento realizado nos Estados Unidos


Washington, 26 ago (RV)- Detalhes sobre o assassinato do Arcebispo salvadorenho Dom Oscar Arnulfo Romero, venerado em toda América Latina por sua defesa dos direitos humanos, vieram à luz nesta terça-feira, quando teve início um julgamento civil contra um capitão da força aérea salvadorenha, já na reserva, num tribunal federal.

Os demandantes alegam que Alvaro Rafael Saravia, mão direita do então Prefeito de San Salvador, conspirou para matar o Arcebispo, em março de 1980. Alegam que a morte de Dom Romero foi uma execução extrajudicial, um crime contra a humanidade e uma violação do Direito Internacional, disseram os advogados.

Saravia, residente em Modesto, Califórnia, a quem uma investigação das NN.UU. atribui vinculações com o assassinato de Dom Romero, não contratou um advogado nem respondeu ao processo realizado por iniciativa do Centro de Justiça e Prestação de Contas de São Francisco, em nome de um parente do Arcebispo.

O julgamento tenta determinar se Saravia pode ser julgado pelo crime e se pode ser fixada uma compensação monetária, mas os advogados e vários salvadorenhos que assistem ao caso disseram que o verdadeiro propósito da audiência é lançar luzes sobre os fatos.

O crime ficou bem documentado com gravações, fotos e dezenas de testemunhas, mas ninguém foi punido por essa morte, disse o advogado do demandante, Nico Van Aeltstyn. O nome do demandante permanece ainda em segredo. O juiz Oliver Wanger confirma que o medo das represálias continua sendo bem grande, mesmo tendo passado 24 anos.

Em El Salvador foi impossível levar o caso à Justiça. O partido fundado pelo então Prefeito Roberto D’Aubuisson, vinculado por uma comissão da ONU ao assassinato de Dom Romero, ainda está no poder. Uma lei geral de anistia impede de levar a julgamento as pessoas vinculadas com a morte do Arcebispo assim como com tantos outros crimes.

A audiência está prevista para durar até a próxima sexta-feira, amanhã, portanto. (MZ)








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