Igreja Católica em Ruanda reage energicamente a relatório do Parlamento do país

Kigali, 24 ago (RV)- A Igreja Católica em Ruanda reagiu energicamente a um relatório do Parlamento ruandês, que a acusa de “perpetuar uma ideologia de genocídio”.

Num documento firmado no dia 26 de julho passado, os bispos ruandeses afirmam que o relatório parlamentar traduz uma generalização injustificada.

Os bispos acreditam que o relatório tenha sido preparado às pressas, quase precipitadamente, sem nenhuma vontade de verificar os testemunhos recolhidos. Por isso, decidiram pronunciar-se, para se defender e para “iluminar as consciências”.

Hoje, Jean-Baptiste Sourou, da redação francesa da Rádio Vaticano, pediu explicações ao Vice-presidente da Conferência Episcopal Ruandesa, Dom Alexis Habiyambere, Bispo de Nyundo. Eis o seu testemunho:

Dom Alexis Habiyambere:-“Nós não somos uma força de oposição, no entanto devemos estar extremamente atentos, para evitar qualquer possível desvio. A Igreja Católica está sendo acusada, entre outras coisas, de ter fomentado uma ideologia do genocídio: absolutamente não concordamos com isso. Não somos os únicos construtores da história de Ruanda! Nós pregamos o Evangelho. Se alguém de nós falhou, isso não quer dizer que a instituição, enquanto tal, tenha falhado em sua missão. Entre as acusações inaceitáveis, há essa de que a Igreja Católica teria, intencionalmente, mantido o povo na pobreza.”

Dom Alexis diz que essa é uma acusação gravíssima, porque todos podem ver aquilo que a Igreja tem feito pelo povo, a começar das escolas e centros de saúde, até ao compromisso com o desenvolvimento.

Dom Alexis Habiyambere:-“Essa é uma acusação que absolutamente não podemos aceitar. A tudo isso se deve acrescentar o impacto dos meios de comunicação social, sobretudo os estrangeiros. Alguns deles devem estar muito felizes ao ver a Igreja Católica ser atacada em Ruanda. E eu me pergunto por que os meios católicos de comunicação no estrangeiro não contestam essas acusações. A Igreja Católica em Ruanda não quer fazer oposição ao governo; mas, sem dúvida, é grande a responsabilidade que recai sobre o governo, porque utiliza a mídia para enganar o povo na má-fé. Com nossas cartas pastorais _ concluiu Dom Alexis _ falamos ao povo, mas não fomos ouvidos. Para a Igreja, é difícil fazer-se escutar.” (MZ)