2004-07-28 19:44:35

Racismo existe em toda parte, diz bispo negro brasileiro


João Pessoa, 27 jul (RV)- O racismo e a discriminação existem em toda parte: no governo, no corpo diplomático e na Igreja, onde sacerdotes e bispos negros são uma minoria, afirmou um representante da Igreja Católica.

“É claro que existe um preconceito. Basta ver quantos somos” no número do clero brasileiro, disse o Arcebispo emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires. “Nem os próprios embaixadores brasileiros na África são negros” _ acrescentou.

Entretanto, disse Dom Pires numa entrevista exclusiva publicada segunda-feira no diário “Correio Brasiliense”, “as mudanças estão acontecendo”. Uma grande conquista dos negros (no Brasil) é a implantação das quotas nas universidades” ou um sistema de reserva de um número de vagas em centros educativos públicos para a população de cor, e também indígena, aprovado este ano.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46% dos 178 milhões de habitantes do país são de ascendência africana. Apenas 2,9% dos graduados nas Universidades são negros.

Na Igreja Católica no Brasil, dos mais de 460 bispos, apenas oito são negros. Além disso, apenas 650 sacerdotes, dos 17.600 existentes no país, são negros, dizem os dados do IBGE, difundidos pelo “Correio Brasiliense”.

“Claro que fui vítima do preconceito. Entretanto não gosto de pensar muito nisso”, assegurou Dom José Maria Pires. “Desde a escola primária, quando fazia alguma coisa que pudesse merecer um castigo, sempre me recordavam que eu era negro, como se existisse uma associação entre a cor e a coisa mal feita. E foi assim durante toda a minha vida. Inclusive depois que me tornei bispo.”

Desde a última segunda-feira até o dia 3 de agosto, representantes negros da Igreja debaterão, em Goiânia, temas como a discriminação dentro e fora da Igreja, assim como formas de inserir a cultura afro na liturgia católica. (MZ)








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