Novos massacres em Uganda: pelo menos 70 mortos, denunciam fontes eclesiásticas

Kinshasa, 13 jul (RV)– Pelo menos setenta pessoas _ entre milicianos e civis _ morreram em Mahagi, território fronteiriço com Uganda, no noroeste da República Democrática de Congo (RDC), num recrudescimento da violência entre tribos, segundo confirmaram hoje, fontes eclesiásticas.

Os combates obrigaram centenas de famílias a fugir de seus lares e a buscar proteção no Seminário de Nzida e nas paróquias de Luma e Ugodjo, lugares próximos a Mahagi, segundo o Bispo de Mahagui-Nioka, Dom Marcel Utempi Tapa.

O Bispo disse que muitas pessoas fugiram para Uganda, para escapar do saqueio e das matanças que há cerca de três semanas vêm ocorrendo na conturbada região de Ituri, onde mais de 50 mi pessoas _ em sua maioria civis _ morreram nos últimos quatro anos.

Os combates começaram em Augba, em meados de junho passado, entre a ala militar da etnia “hema” _ as Forças Armadas do Povo Congolês (FAPC), lideradas por Jerome Kakvawuy _ contra os membros da Frente Nacionalista Integracionista (FNI), de Floribert Ndjabu, militantes da comunidade “lendu”, majoritária na região.

Apesar do armistício assinado em julho de 2003, entre os grupos armados, que se comprometeram depois, num acordo de janeiro passado, a respeitar uma trégua de não agressão, o controle das minas de ouro existentes na área estão suscitando novas hostilidades.

Dom Utempi Tapa confirmou que as forças da Missão da ONU para o Congo e as autoridades do governo central conseguem manter o controle somente em Bunia, a capital provincial, enquanto o restante da região de Ituri esta em mãos das facções em luta: os “hema” e os “lendu”.

A rivalidade entre os “hema” e os “lendu”, que remonta a muitos anos atrás, nascida de disputas por causa do gado e do território, cresceu depois que ambas as comunidades étnicas foram armadas pelos diferentes bandos que protagonizaram a guerra civil na RDC, conflito que causou a morte de 3,5 milhões de pessoas. (AF)