2004-06-28 16:59:52

Cardeal Kasper comenta visita do Patriarca Bartolomeu I


Cidade do Vaticano, 28 jun (RV)- Por ocasião da visita do Patriarca ecumênico de Constantinopla a Roma, a Rádio Vaticano entrevistou o Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Cardeal Kasper, como está sendo considerada a visita do Patriarca Bartolomeu I a Roma?

Card. KASPER:- “Com esta visita, nós celebramos os 40 anos do encontro do Papa Paulo VI com o Patriarca ecumênico Atenágoras, o primeiro encontro após séculos entre um Papa e um Patriarca. Hoje queremos confirmar o gesto de 40 anos atrás, mas sobretudo confirmar a nossa vontade, a vontade das duas Igrejas, de continuar neste caminho de aproximação, de amizade e de peregrinação em busca da plena comunhão.”

Que mensagem esta visita pode deixar neste particular momento da história?

Card. KASPER:- “Esta visita pode nos deixar esta mensagem: após dois ou três anos de dificuldades e de alguns mal-entendidos, agora as Igrejas tomaram novamente a decisão de retomar o contato e, juntas, contemplarem o futuro. E neste momento particular de unificação européia, o continente necessita do testemunho comum das Igrejas.”

Como Vossa Eminência vê as relações entre católicos e todo o variado mundo ortodoxo em nossos dias?

Card. KASPER:- “Existe uma certa diversidade entre as Igrejas ortodoxas, mas o Patriarcado ecumênico de Constantinopla exerce um certo primado de honra, e especialmente o primado da integração entre as Igrejas; por isso, esta relação é muito importante para nós. No entanto, queremos sublinhar ainda as nossas relações com as várias Igrejas ortodoxas: penso que estamos iniciando um novo período muito frutuoso.”

Eminência, quais são as suas sugestões para intensificar o caminho rumo à unidade?

Card. KASPER:- “As propostas são duas. Antes de tudo, recomeçar o diálogo teológico internacional que foi mais ou menos interrompido em 2001; depois, devemos refletir sobre como facilitar a recíproca informação e, quem sabe, criar organismos de informação e consulta entre nós... No primeiro milênio, havia a figura do ‘apocrisário’: era uma espécie de núncio do Papa em Constantinopla com um equivalente em Roma. Nós não queremos reintroduzir o ‘apocrisário’, mas é necessário agilizar um contato cotidiano para evitar mal-entendidos.”

Cardeal Kasper, como seria, no futuro, a união entre católicos e ortodoxos?

Card. KASPER:- “O próprio Papa disse que será uma união sem fusão e sem absorção: esta é a fórmula. Trata-se da unidade na mesma fé, com os mesmos sacramentos, com o mesmo episcopado, na sucessão apostólica, mas será possível uma pluralidade de formas litúrgicas, teológicas, espirituais, canônicas etc... Portanto, as Igrejas ortodoxas conservarão as suas formas de vida quotidiana. O problema maior será o exercício do Primado do Bispo de Roma. Houve, aqui em Roma, no ano passado, um simpósio sobre este assunto. Devemos seguir estudando este problema.” (MZ)








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