Os africanos são a esperança da África: Cardeal Renato Martino visita Gulu, no norte de Uganda

Kampala, 1º jun (RV)- As esperanças da África provêem dos próprios africanos: foi o que disse o Cardeal Renato Raffaele Martino, ontem, em Kampala, capital de Uganda, onde iniciou uma visita de cinco dias a esse país africano.

O Presidente do Pontifício Conselho “da Justiça e da Paz” recordou também a necessidade de uma ajuda desinteressada por parte da comunidade internacional a esse continente, que _ precisou _ “é objeto de um amor preferencial” do Papa.

Esta manhã, o purpurado chegou a Gulu, capital do norte de Uganda. Pe. Giulio Albanese, Diretor da agência missionária de notícias Misna, nos fala sobre essa visita...

Pe. Giulio Albanese:- “A delegação foi acolhida por muita gente em Gulu. Imediatamente após a chegada, os visitantes se dirigiram à Catedral, onde o Cardeal Martino fez uma saudação oficial à Igreja no norte de Uganda. A Catedral de Gulu estava lotada de fiéis. O purpurado recordou que se encontrava ali em nome do Santo Padre para expressar a solicitude da Santa Sé para com esse povo e todos os grupos étnicos que sofrem por causa dessa guerra civil que prossegue desde os anos 80. A seguir, o Cardeal Martino elogiou e dirigiu palavras muito afetuosas a Dom John Baptist Odama, dizendo que o Arcebispo de Gulu é um verdadeiro herói, um paladino da paz. Depois, o purpurado citou um provérbio africano e disse que “as chamas de um fogo, de uma sarça, não se podem apagar com outra chama, com outro fogo”. Substancialmente, não se pode responder à violência com as armas, mas com a força do Evangelho.”

P. Pe. Albanese, o Cardeal Martino encontrou também os refugiados?

Pe. Giulio Albanese:-“Sim, logo depois da Catedral, o purpurado visitou o campo de Pagak, um dos campos onde, infelizmente, há cerca de duas semanas, foram mortas mais de trinta pessoas. A verdade é que a situação dos deslocados no norte de Uganda é desesperadora e o Cardeal, naturalmente, manifestou toda a solidariedade da Santa Sé.”

P. Qual é atualmente a situação no norte de Uganda?

Pe. Giulio Albanese:-“A situação, do ponto de vista humanitário, é verdadeiramente desesperadora, é gravíssima. Aqui 80% da população é composta, praticamente, de deslocados. As missões se transformaram em verdadeiras fortalezas da solidariedade. Eu me encontro atualmente em Kitgum, a 100 km de Gulu, onde é esperada para amanhã, a visita do Cardeal Martino e sua delegação. Essa missão de Kitgum foi atacada ontem à noite, por rebeldes. Foram efetuados disparos, rajadas de metralhadoras e armas pesadas. Certamente, a situação é sempre de alto risco, porque todas as zonas rurais estão infestadas de rebeldes. Eu gostaria de recordar que os rebeldes são praticamente crianças que, por sua vez, foram seqüestradas nos vilarejos e obrigadas à força, a combater. No norte de Uganda foram seqüestradas, desde 1994, cerca de 25 mil crianças.” (RL)