2004-05-31 14:48:15

A um ano do massacre de maio de 2003 não diminuiu a fúria repressiva do governo em Myanmar


Yangoon, 29 mai (RV)- No dia 30 de maio de 2003 em algumas localidades do norte de Myanmar, grupos de milicianos pertencentes a associações pró-governamentais desencadearam uma série de violentos ataques contra a multidão reunida para ouvir um discurso do líder da oposição, Aung San Suu Kyi.

O saldo desses ataques foi de, segundo fontes seguras, pelo menos 80 mortos e centenas de feridos; as forças da ordem não intervieram para conter os ataques e acabaram, pelo contrário, levando ao cárcere centenas de militantes da oposição, acusados de ter provocado, com discursos subversivos, a reação dos cidadãos favoráveis ao governo. Não houve prisões para os que fizeram os ataques.

Aung San Suu Kyi, juntamente com os líderes de seu partido, a Liga Nacional pela Democracia, foi presa.

Nestes últimos doze meses muitas coisas mudaram em Myanmar: em agosto o general Khin Nyunt, ex-chefe dos famigerados Serviços Secretos Militares, tornou-se Primeiro-ministro, e anunciou um plano de paz que deverá levar o país a uma “real e duradoura democracia”, assegura. Foi novamente convocada, após nove anos, a Convenção Nacional com a missão de preparar uma proposta para a nova Constituição do país.

“Na realidade, esse caminho para a democracia está longe de ser iniciado” – comenta Paolo Pobbiati, coordenador da Anistia-Itália para Myanmar. “A repressão não foi em nada atenuada; os prisioneiros políticos são aproximadamente 1.300 (a maior parte por motivo de opinião), e muitas das pessoas que foram presas há um ano se encontram ainda no cárcere.”

Também Aung San Suu Kyi, Prêmio Nobel da Paz-1991, se encontra em regime de prisão domiciliar. Em pior situação estão os opositores do regime que se encontram nas prisões do país: alguns deles foram condenados a pesadas penas, superiores a 50 anos de reclusão, por causa de suas atividades políticas pacíficas e não-violentas.

“Até mesmo a Convenção Nacional corre o risco de se transformar na enésima farsa deste regime _ observa Pobbiati _ pois as personalidades políticas que não compartilham as diretrizes dos militares e que ousassem discordar, não teriam sua liberdade assegurada.” (MZ)








All the contents on this site are copyrighted ©.